quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Feliz Páscoa

 Na velocidade fulminante dos dias, chega mais uma data de celebração e mal há tempo para pensar. A pressa faz buscar doces agrados aos mais queridos ou rapidamente aprontar bagagens para aproveitar o feriado em mais uma viagem alucinada, sem nem se lembrar do significado da data celebrada.  Aliás, significações andam em baixa, esquecidas, deixadas para trás, encobertas por coisas e loisas. Num tempo devorado por preocupações, afazeres ou distrações múltiplas, há pouco espaço para reflexões. Para a maioria, a vida não está fácil. Porém e é exatamente por isso, por ser uma fase bicuda de dificuldades, que ainda mais se carece de pausa, de uma trégua para reflexão e transcendência.
Num mundo crivado de atrocidades de todos os tipos necessitamos alimentar a fé, fortalecer o espírito, seja lá da forma ou do modo como o concebamos.  Só entendendo a vida numa dimensão mais ampla poderemos encontrar ancoradouro para esperanças alentadoras. A ressurreição de Cristo ou a passagem dos judeus inspiram renascimento, superação, passagem para uma fase mais auspiciosa. Esse é o espírito que precisa emanar das pessoas neste final de semana de Páscoa, semeando entendimento, harmonia, paz, solidariedade e amor.  É algo difícil de alcançar, pensarão uns tantos. É, pode ser difícil, mas não é impossível.
Dirão os mais céticos e os mais teimosos pessimistas que de boas intenções o inferno está cheio, por isso serei mais insistente e enfática. Não é preciso ser crente, bem ao contrário, basta pesquisar um pouco para confirmar que até a cética ciência dá crédito ao poder transformador do pensamento. Por isso aqui vai um convite: vamos dar uma trégua às tantas coisas ruins e abrir a alma para o verdadeiro espírito da Páscoa? Proponho um armistício pascoal, um cessar-fogo pessoal aos tantos conflitos que perturbam nosso cotidiano. Fazer deste dia uma celebração significativa e autêntica, capaz de fazer brotar os melhores pensamentos, as mais dignas intenções. Só por hoje, apenas hoje, vamos rechear o dia com bons pensamentos e boas atitudes. Nem que seja só por hoje, já será um grande começo, um sinal de transformação. Grandes mudanças começam assim, semeadas esporadicamente por uns poucos.
É apenas com esse espírito que realmente se poderá saborear a Páscoa com o legítimo sentido de celebração. Vamos, portanto, adoçar as esperanças, cultivar alegrias, semear coisas boas. Afinal, as amarguras e durezas crescem sozinhas, como ervas daninhas.

E porque a vida não é feita só de alma, vale também lembrar os doces mimos ao corpo, a refeição especial, o chocolate, para os que têm e podem.  Mas que não se faça dessa parte a mais importante e não se exagere na dose, coisas comuns de acontecer.  Saborear é degustar, sentir o gosto, diferente de devorar, engolir inteiro.  Por isso, uma sugestão: aproveite a Páscoa saborosamente, sem indigestos excessos. Com essa idéia de celebração ao renascimento que faço votos de uma Feliz Páscoa a todos os leitores, seus amigos e familiares.
             (publicada Jornal Agora em  04/04/2015)

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